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NewsLetter nº14 | Março 2022
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NEWSLETTER nº 14 |  CÁTEDRA CASCAIS INTERARTES   |  MARÇO 2022
 
1. Candidaturas até 31 de maio
Bolsa Cátedra Cascais Interartes 2022
Está aberto o prazo para candidaturas à bolsa de investigação sobre as personalidades que integram o núcleo fundador da Cátedra Cascais Interartes. Os eventuais interessados deverão consultar o regulamento aqui, e submeter as suas candidaturas através do endereço electrónico geral@fundacaodomluis.pt, até 31 de Maio de 2022.
 
 
2.  Património
No início do próximo ano lectivo a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa acolhe um evento sobre o património no âmbito desta instituição. Com o objectivo de dar a conhecer melhor esta iniciativa, a Newsletter da Cátedra Cascais Interartes conversou com Miguel Tamen, Director da Faculdade, Carlos Fabião, coordenador do evento, Maria João Neto, especialista em História de Arte e do Património, e Pedro Estácio, chefe de divisão da Biblioteca da Faculdade de Letras.
Antes de passarmos às nossas conversas,
deixamo-vos uma breve apresentação dos nossos interlocutores.
Miguel Tamen
Miguel Tamen é Professor Catedrático e Director da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, instituição onde, juntamente com António M. Feijó, esteve na origem do programa em Teoria da Literatura e da licenciatura em Estudos Gerais. É autor de nove livros, entre os quais Friends of Interpretable Objects (2001; tradução portuguesa: Amigos de Objectos Interpretáveis, 2003) e Artigos Portugueses (2002; edição aumentada 2015). Em 2020, com António M. Feijó e João R. Figueiredo, editou O Cânone.
Carlos Fabião
Carlos Fabião é Professor Associado na área de Arqueologia na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, instituição onde se doutorou em 1999 com uma tese intitulada "O Mundo Indígena e a sua Romanização na área céltica do território hoje português". É Director do UNIARQ, Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa, onde coordena o Grupo de trabalho “Construção da Província Romana da Lusitânia”.
Maria João Neto
Maria João Neto é Professora Associada com Agregação de História da Arte e investigadora integrada do ARTIS - Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, no qual desempenha as funções de Vice-Directora. Tem desenvolvido os seus estudos e projetos de investigação, bem como a orientação de teses, na área de História e Teoria do Restauro e da Conservação de Obras de Arte e de Gestão Integrada do Património Artístico. É responsável pelo grupo Patrimonium e diretora do curso de Mestrado em Arte, Património e Teoria do Restauro.
Pedro Estácio
Pedro Estácio é Chefe de Divisão da Biblioteca da Faculdade de Letras e coordenador do American Corner. Pós-Graduado em Relações Internacionais e em Ciências da Documentação e Informação, e licenciado em História, é Investigador do Centro de Estudos Anglísticos da Universidade de Lisboa, e tem como principais áreas de investigação Bibliotecas, Arquivos, Museus, Humanidades Digitais, Cultura e Literatura.
Conversa com
MIGUEL TAMEN
NL - O evento sobre a Faculdade de Letras no contexto do património da Universidade de Lisboa surge na sequência de eventos análogos anteriores, envolvendo outras escolas da nossa Universidade. Pode explicar-nos como é que surgiu esta iniciativa e com que objectivo?

Miguel Tamen - Desde 2013 que o conhecimento mútuo das escolas da nossa Universidade foi (correctamente) considerado uma prioridade. Uma maneira de o fomentar parte do conceito de património comum, mesmo que a noção de património seja (e se calhar tenha de ser) entendida de um modo difuso.  Organizaram-se assim, com um hiato nos últimos dois anos, eventos especialmente dedicados ao património de certas escolas. Ficou desde cedo combinado que a terceira edição seria dedicada à Faculdade de Letras.   É nela que neste momento trabalhamos.


NL - A Faculdade de Letras tem um perfil, uma História, uma identidade muito singular no contexto da Universidade de Lisboa. O próprio espaço em si tem ressonâncias muito concretas na História da cidade e na nossa História contemporânea. De que forma é que os diferentes actores por vós escolhidos no seio da escola para concretizar o evento contribuem para a pluralidade que a escola e a sua História encerram?

Miguel Tamen - Se a ideia de património é difusa e variada, o que podemos fazer é tentar fazer justiça a essa variedade (por exemplo chamando a atenção para exemplos diferentes de património, ou de património em sentidos diferentes do termo);  mas temos de começar por algum lado, e se calhar pela ideia de que existem coisas que não são evidentes à primeira vista ou à maioria, mas que podem ser encontradas, mostradas, descritas e organizadas; e coisas de muitas espécies, que vão de objectos num sentido tradicional a colecções de sons.  O meu colega Carlos Fabião é arquéologo, e por isso especialista em encontrar, mostrar, descrever e organizar.  Não podia assim haver melhor maneira de começar.

Conversa com
CARLOS FABIÃO
NL - Que tipo de critérios estiveram na base da definição do programa por vós concebido?

Carlos Fabião - A realização destes Encontros nasce da necessidade sentida de divulgação e partilha de informação sobre o Património da Universidade de Lisboa, uma realidade menos conhecida e divulgada na comunidade académica, frequentemente demasiado fechada no seu espaço específico. A itinerância pelas diferentes escolas pretende divulgar o que é próprio de cada uma delas, de um ponto de vista material, mas também o que tem de comum.
No encontro anterior, na Faculdade de Belas-Artes, o tema proposto foi a ilustração, nas suas distintas vertentes, artística, técnica, científica, deste modo assinalando uma particularidade também presente nas diferentes escolas da UL, ainda que com diferentes dimensões.
No presente encontro, por ser na Faculdade de Letras, sublinhamos a nossa identidade: a palavra, enquanto expressão do pensamento, materializada em som e escrita. Valorizamos a Biblioteca, enquanto repositório de saberes e instrumento de trabalho aberto à comunidade; e os espólios, o legado de professores e investigadores, uma forma de dizer que o grande património da Universidade são as pessoas que nela trabalham.
Esta via estabelece as pontes com as distintas escolas da UL, pois todas têm bibliotecas e espólios, de vária ordem.


NL - Com efeito, este evento, melhor será dizer, estes eventos pressupõem uma noção de comunidade. Ao conceber o programa tiveram em mente esta noção no que ela implica no âmbito da pluralidade da comunidade da escola – estudantes, professores, funcionários; no âmbito da comunidade que é a Universidade de Lisboa, e ainda no âmbito mais alargado da comunidade que é a cidade de Lisboa?

Carlos Fabião - O objectivo central destes encontros é partilhar a informação dentro da extensa comunidade Universidade de Lisboa, sem esquecer antigos alunos, funcionários e docentes, por isso, se escolhem sempre temas transversais. Os encontros são naturalmente divulgados e abertos, materializando-se em sessões públicas e em pequenas exposições fixas.
Se conseguirmos atrair uma boa faixa da extensa comunidade UL já será um êxito, sobretudo se aqui à Faculdade de Letras vierem muitos estudantes, professores, funcionários de outras escolas. Um público mais vasto não é obviamente excluído, mas com realismo reconhecemos que não é expectável que haja grande afluência.


NL - Como é que estas diferentes dimensões ecoaram nesse programa?

Carlos Fabião -
A principal ideia foi escolher temas transversais, que sejam interessantes para as distintas áreas científicas, daí a escolha de bibliotecas e espólios, que todas as escolas da UL têm, em maior ou menor número. Pelo encontro, debate e partilha, todos poderemos conhecer melhor essa dimensão do património da UL.



NL - Que tipo de redes foram criadas neste âmbito?

Carlos Fabião -
A rede criada tem sido sobretudo informal, começou a esboçar-se no primeiro encontro (no IST), cresceu no segungo (FBAUL), agregando os participantes em cada encontro, que se encarregam de dinamizar a participação das suas escolas nos mesmos. Obviamente uma rede aberta, em crescimento e desejosa de crescer ainda mais.

Conversa com
MARIA JOÃO NETO
NL- Um dos ex libris da Faculdade, conhecido do grande público, nomeadamente em imagens transmitidas em noticiários televisivos, são os painéis de Almada. Pode falar-nos um pouco sobre a sua relevância?

Maria João Neto- As gravuras incisas da autoria de Almada Negreiros (1893-1970) no átrio exterior da entrada principal da Faculdade constituem uma obra de elevada qualidade artística que procura fixar - segundo as palavras do próprio mestre - “figuras e alegorias do pensamento e da literatura universal e portuguesa”, da Bíblia aos diferentes heterónimos de Fernando Pessoa, dos clássicos gregos a Os Lusíadas, de Shakespeare a Eça de Queirós, entre outros. O programa pauta-se assim pelo elogio e inspiração nas figuras proeminentes dos estudos humanísticos, retratados admiravelmente pelos traços geometrizantes de Almada e enfatizado pelas cores vivas que preenchem as incisões.


NL - No entanto, o património da Faculdade é também ele o próprio edifício concebido por Pardal Monteiro.

Maria João Neto- Sem dúvida que a qualidade da arquitetura de Porfírio Pardal Monteiro (1897-1957) está bem patente na dinâmica espacial pensada em termos da função à qual se destina o edifício. Consegue conjugar o áulico dos Passos Perdidos e do grande anfiteatro axial à porta principal com a funcionalidade dos amplos e ortogonais corredores e das salas de aulas, com os seus generosos pés-direitos. A articulação planimétrica é bem obtida em torno dos pátios, os quais  não deixam de comungar de um certo caráter cénico a par do papel funcional desempenhado. Estes permitem ainda mais entradas de luz através das fenestrações que para eles abrem, conferindo uma unidade natural aos espaços.


NL - E o mobiliário? O que nos pode dizer a este respeito?

Maria João Neto- Pardal Monteiro concebeu o edifício no seu todo como uma obra total. Também o mobiliário foi concebido de acordo com o todo salientando as qualidades do design na sua funcionalidade e caráter estético. De salientar ainda uma outra característica inerente à arquitetura de Pardal Monteiro: a qualidade dos materiais utilizados, que no mobiliário se manifesta sobretudo na escolha de boas madeiras. A prova da qualidade da matéria prima e da manufatura  revela-se na durabilidade, apesar do uso continuado, de secretárias estantes e cadeiras. Pena é que muitas destas peças têm sido substituídas apenas por questões de aparente renovação por outras de qualidade muitíssimo inferior em termos materiais e estéticos.


NL - Na sua opinião, que outros aspectos podem passar despercebidos e que devem ser sinalizados? Sei que tem um apreço especial por uma tapeçaria…

Maria João Neto- A tapeçaria mural que decora o gabinete do Diretor foi executada na Manufatura de Tapeçarias de Portalegre a partir do cartão de Manuel Lapa (1914-1979). Tem como tema a fundação do Estudo Geral por D. Dinis,  em Lisboa no ano de 1290, através da representação do rei e da recriação de uma aula da época. Mas outras obras merecem igualmente referência, como os dois baixos-relevos da fachada nascente. O primeiro da autoria de Álvaro de Brée (1903-1962) retrata as três musas Clio, Érato e Calíope inspiradoras respetivamente da História, Poesia lírica e Poesia Heróica. Já o segundo, esculpido por Leopoldo de Almeida (1898-1975), retrata Apolo cavalgando Pégaso, presidindo ao Conselho das Musas, representado através das figuras de Clio e Polimnia, a musa da Música Cerimonial. No centro do pátio exterior paralelo à entrada principal, foi colocada uma estátua do escultor Martins Correia (1910-1999), representando o rei D. Pedro V, fundador do Curso Superior de Letras, em 1861. No interior do edifício, merece referência, no topo dos Passos Perdidos, o painel cerâmico de Jorge Barradas (1894-1971) onde se alude à vitória do espírito do esclarecimento sobre o espírito mau da ignorância. Ainda nos Passos Perdidos, foram colocados cinco bustos, por proposta da Faculdade entre 1959 e 1960, de ilustres professores: Manuel Oliveira Ramos (por Barata Feyo), Adolfo Coelho (por Martins Correia), Teófilo Braga (por Euclides Vaz), José Leite de Vasconcelos (por António Duarte) e David Lopes, este último da autoria de José Farinha.

Conversa com
PEDRO ESTÁCIO
NL - A biblioteca da Faculdade é um dos seus elementos mais importantes no quotidiano da escola. Pode falar-nos da sua relevância, não só pelos diferentes fundos e acervos que acolhe mas, desde logo, pelo espaço em si?

Pedro Estácio - A biblioteca da Faculdade de Letras é efectivamente um elemento central no quotidiano da escola, assumindo-se como um grande laboratório de estudo e de investigação no campo das Artes e das Humanidades, estatuto que lhe é conferido, desde logo, pela dimensão, diversidade e valor científico e cultural dos fundos e acervos, bibliográficos e arquivísticos, que acolhe. Reunidos ao longo de mais de século e meio, através de compras e de doações provenientes de cerca de quatro dezenas de instituições, nacionais e internacionais, e de sete dezenas de particulares, nomeadamente de professores do Curso Superior de Letras e da Faculdade de Letras, bem como de investigadores, intelectuais e bibliófilos, portugueses e estrangeiros, esses fundos e acervos estendem-se, na actualidade, por cerca de 20 mil metros lineares de prateleiras nas quais se acomodam e convivem, aproximadamente, 700 mil volumes de livros e de publicações periódicas, impressos entre os séculos XV e XXI. O acervo documental impresso é hoje complementado por colecções digitais compostas por mais de 1500 títulos de e-books e por mais de 5 mil títulos de revistas científicas, disponibilizadas através de cerca de uma dezena de bases de dados subscritas pela Faculdade, conferindo à biblioteca, simultaneamente, um cariz moderno e patrimonial. A ampla cobertura cronológica, geográfica e linguística das colecções, afirma, por sua vez, a biblioteca como uma referência, não só, para o estudo da produção e da circulação do conhecimento nos domínios das Artes e Humanidades, mas, de igual modo, para o próprio estudo da história do livro e da imprensa.
O ambiente silencioso, propício à reflexão, ao estudo e à investigação, bem como a sobriedade, a amplitude, o conforto, as linhas arquitectónicas e a luz natural do espaço constituem, também eles, a par da qualidade das colecções, elementos que concorrem para explicar o elevado e permanente afluxo, à biblioteca, de leitores, com e sem vínculo à Faculdade de Letras, leia-se, internos e externos, e para afirmá-la como ponto de encontro, por excelência, da comunidade académica que lhe dá vida e constitui o fundamento da sua existência, confirmando-a, concomitantemente, como um dos elementos mais importantes no quotidiano da escola.   


NL - A biblioteca não restringe a sua actividade aos membros da escola, ela dialoga também com a cidade. Em que medida a biblioteca se tornou hoje um actor relevante na vida científica e cultural de Lisboa?

Pedro Estácio - Consciente da responsabilidade e da missão que lhe cabe desempenhar na divulgação científica e cultural, a biblioteca tem, por iniciativa própria ou através do estabelecimento de parcerias com instituições, públicas e privadas, nacionais e estrangeiras, realizado, acolhido e oferecido, à comunidade académica e à cidade, regularmente, um conjunto de actividades de cariz multifacetado – exposições, conferências, leituras, concertos musicais, apresentações de dança, canto e teatro -, mobilizadoras do interesse e de uma forte participação de públicos académicos e não académicos, assumindo-se, por essa via, como um actor relevante e um espaço incontornável na vida científica e cultural de Lisboa.

3.  Agenda
GRANDES OBRAS DA LITERATURA UNIVERSAL
Seminário Permanente

Recordamos que nos próximos meses de Maio e de Junho prossegue o ciclo dedicado às grandes obras da literatura universal, com conferências de Fernando Gomes, da Universidade de Évora, que irá abordar O Estrangeiro, de Albert Camus, e de Teresa Bartolomei, da Universidade Católica, que se debruçará sobre Édipo Rei, de Sófocles.

Como sempre, as conferências decorrem pelas 17h do segundo Sábado de cada mês, e podem ser acompanhadas no Facebook da Fundação D. Luís I.

 


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