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NEWSLETTER nº 12 | CÁTEDRA CASCAIS INTERARTES | JUNHO
2021
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1. Bolsa de investigação sobre Herberto Helder
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O júri constituído pelos Professores Isabel Pires de Lima, João Pedro d’Alvarenga e Mário Avelar distinguiu o projecto Cinco Canções Lacunares de Herberto Helder, apresentado por Bernardo Palmeirim.
O seu autor que é docente
universitário e músico, pretende conduzir um projecto colaborativo interartes, envolvendo alunos e investigadores da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa numa art practice-based research que cruze música e poesia. A investigação sobre poemas de Herberto Helder culminará na gravação de um álbum spoken word das suas Cinco Canções Lacunares e numa conferência encerrada por um concerto com projecção de vídeo. Este art practice-based research baseia-se num intencional cruzamento de investigação académica com prática artística, motivado por um desejo de activar o talento crítico de alunos universitários, sendo objectivo central fazer com que leituras (academicamente) informadas se concluam numa prática performativa. Integra este projecto o ensaio, com o título provisório “A Atenção Poética de Herberto Helder em Cinco Canções Lacunares”. Será́ um ensaio de close reading das CCL, nomeadamente discutindo as relações entre o conceito de atenção poética em HH analisado através das CCL; e como HH explora, numa fase mais experimental do seu trabalho poético, a canção enquanto objecto formal híbrido de música e poesia. Como diz Pedro Schachtt Pereira num ensaio sobre Electronicalírica (1964; livro que HH mais tarde renomeou de A Máquina Lírica), “E o que é o canto? É a experiência combinatória, sopro e sentido numa aliança inextricável, árdua lira mecânica.”
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2. Bolsa de investigação sobre Fernando Lopes Graça
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O júri concedeu igualmente uma bolsa de investigação ao projecto Fernando Lopes-Graça Seareiro, apresentado por Joana Correia Guedes. A autora deste projecto é investigadora do CHAM, Centro de Humanidades, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, e tem vindo a desenvolver investigação em história e sociologia das ideias. Uma parte muito significativa da obra de Fernando Lopes-Graça foi publicada pela Seara Nova, desde logo a edição atribulada das célebres Marchas, danças e canções, mas sobretudo os 281 textos ensaísticos e de crítica que assinou na revista de doutrina e crítica entre 1930 e 1974 (com grande incidência no período de 1939 a 1948). Deste modo, na sequência da investigação levada a cabo por Joana Correia Guedes, serão realizadas duas exposições temáticas. A primeira centra-se na colaboração de Fernando Lopes-Graça com a Seara Nova, com a reprodução de documentos, imagens e infografias,
culminando num colóquio sobre este tópico. A segunda exposição decorre da anterior e centrar-se-á na colaboração das mulheres e dos homens de cultura que residiram no Concelho de Cascais e que publicaram peças de sua autoria nesta revista: Almada Negreiros, Ana Hatherly, Branquinho da Fonseca, David Mourão-Ferreira, João Abel Manta, João Gaspar Simões e Maria Archer.
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3. Novo livro de José Bértolo
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Investigador e ensaísta na área dos estudos fílmicos, José Bértolo encontra-se ligado à Cátedra Cascais Interartes desde o seu início. Após Sobreimpressões: Leituras de Filmes (2019) e Imagens em Fuga: Os Fantasmas de François Truffaut, ambos vindos a lume sob a chancela Documenta, José Bértolo publicou agora, nesta mesma editora, Espectros do Cinema: Manoel de Oliveira e José Pedro Rodrigues. Da sua introdução colhemos este breve passo:
“O livro que aqui apresento é dedicado à obra de dois cineastas — Manoel de Oliveira e João Pedro Rodrigues — que entroncam nesta tradição de filmes em que os fantasmas adquirem indubitavelmente alguma forma de figuração, através de obras — tais como O Estranho Caso de Angélica (2010) ou Odete (2005) — nas quais os mortos (nos casos referidos, Angélica e Pedro) regressam para junto dos vivos. Contudo, um olhar sobre o índice revela, desde logo, outros filmes — Benilde ou a Virgem Mãe (1975) ou O Fantasma (2000), por exemplo —, em que os fantasmas, na forma como foram canonizados no conjunto de filmes que referi (isto é, enquanto criaturas inequivocamente associadas ao domínio do sobrenatural), não marcam presença. Isto pode suceder porque, como verificaremos de seguida, a espectralidade do cinema não precisa necessariamente do sobrenatural ou do fantástico para ser equacionada.”
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4. Casa sem pão, de Maria Archer
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“Acho perniciosa a divulgação deste livro sob o ponto de vista da moral social”, assim conclui o parecer elaborado pelo censor no final de 1947 sobre o romance de Maria Archer. Num tempo em que os ventos censórios vão emergindo pelas sociedades ocidentais, assume particular relevância a reedição desta obra. Não creio que quem a lê hoje, nestas primeiras décadas do século XXI, se sinta afectado, como
o censor se sentiu, pela forma como Maria Archer levanta o véu que encobre uma sociedade profundamente estratificada e codificada como aquela que aqui se evoca, a dos primeiros anos do século passado. Talvez a estranheza hoje resida nesse solo moral tão explicitamente codificado, e por isso mesmo estranho e distante face a um tempo como o nosso que simula a sua ausência.
Deixamos-vos as linhas iniciais: “Nos começos deste século Pedroiços é ainda arrabalde. A linha do ‘americano’ para às portas de Algés; o combóio, com o seu penacho de fumo, o silvo agudo do alarme, a campainha do Chefe, já vai de Lisboa a Cascais. Anos antes, na época em que o
‘americano’ se detinha em Belém, Pedroiços era uma praia da moda, frequentada pela gente da Corte e a alta burguesia. Com a linha do ‘americano’ viera o progresso e a invasão de outra camada social, mais modesta, mas que ronda de perto a aristocracia. Depois, ante a predilecção de El-Rei D. Luís por Cascais, apressa-se o êxodo dos banhistas elegantes. Apesar disso, os duques de Cadaval, os marqueses de Viana, os duques de Loulé, muita outra fidalguia, conservavam em Pedroiços as suas quintas armoriadas, os seus palacetes históricos. Os marqueses de Belas ainda mantinham o forte da Conceição com a categoria da sua casa de veraneio.”
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5. Ciclo Grandes Obras da Literatura Universal
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Após a interrupção no período estival, retomamos em Setembro as conferências do ciclo – seminário permanente “Grandes Obras da Literatura Universal”. A primeira conferência que terá lugar pelas 17h de Sábado, dia 11 de Setembro, será proferida pela Professora Maria Sequeira Mendes, docente da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e terá como objecto uma das obras mais
perturbadoras do cânone shakespeariano, Hamlet. Seguir-se-ão as conferências sobre O Livro do Desassossego, de Bernardo Soares, a cargo do Professor Fernando Cabral Martins – 2 de Outubro, Lazarillo de Tormes, pelo Professor Pedro Ferré – 13 de Novembro, e Ulysses, de James Joyce, pelo Professor António M. Feijó – 11 de Dezembro.
As conferências serão sempre transmitidas online, podendo, todavia, realizar-se também presencialmente, no Centro Cultural de Cascais, caso não se
coloquem restrições devido à pandemia.
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6. Revista da Cátedra Cascais Interartes
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Actualmente em fase de conclusão, o próximo número da Revista da Cátedra dedica o porfolio a uma das personalidades que são seu objecto de investigação e divulgação, David Mourão-Ferreira. A coordenação desta secção está a cabo de Pedro Ferré, Professor Catedrático da Universidade do Algarve e membro do conselho científico da Cátedra, que convidou vários especialistas da obra deste autor a nela participar. Noutros espaços da Revista contaremos com um
conto de Júlio Conrado, com um ensaio da Professora Raquel Henriques da Silva sobre a casa de Jorge Barradas, figura destacada do modernismo plástico português, e da Professora Ana Paula Menino Avelar que, através da sua análise da obra de A. H. de Oliveira Marques, prossegue a sua reflexão sobre historiadores cujas vidas estão ligadas a Cascais.
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